Já falei antes (ver postagem anterior) de como "Construção" é uma música que representa, em sua construção textual, um prédio sendo construído. Além das características já citadas, há outra que nos leva a outros caminhos: a partir da segunda estrofe, a voz de Chico canta somente parte da letra, parte da melodia. A segunda parte de cada verso é cantada por um coro de segundas vozes, separando as formas já estabilizadas (da primeira estrofe) das palavras realocadas na segunda estrofe.
Construção by Chico Buarque |
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Isso nos leva a pensar no modo como a música é construída, aos poucos, "tijolo por tijolo", palavra por palavra.
É necessário prestar atenção ao código, à forma como o texto é estruturado, pois o conteúdo depende disso. O significado do texto contém seus próprios códigos. O "código" de "Construção" é o modo como os "tijolos" (palavras) vão sendo colocados aos poucos. O texto adquire significados outros, que não somente o da história do trabalhador que morre.
Na narrativa de "Construção", tudo pára por causa da morte do sujeito, do trabalhador, como se dele dependesse toda a obra, o tráfego, o sábado, o público, e a própria letra da música, que fica incompleta (em sua estrutura com estrofe incompleta e indeterminação dos versos).
"Construção" é, ao mesmo tempo, uma construção e uma desconstrução, e talvez assim entre no conceito de "indecibilidade" de Derrida.
O texto adquire significado a partir da fluidez da língua (Derrida), e também a partir da sua própria estrutura.
Peter Szondi fala sobre a mudança da forma do drama a partir da mudança do conteúdo (ao longo da história). Mesmo sincronicamente, em outros textos que não dramáticos, a forma (a estrutura) condiciona o significado. Mas o inverso também é possível: o conteúdo pode condicionar a forma (na produção do texto).
É necessário prestar atenção ao código, à forma como o texto é estruturado, pois o conteúdo depende disso. O significado do texto contém seus próprios códigos. O "código" de "Construção" é o modo como os "tijolos" (palavras) vão sendo colocados aos poucos. O texto adquire significados outros, que não somente o da história do trabalhador que morre.
Na narrativa de "Construção", tudo pára por causa da morte do sujeito, do trabalhador, como se dele dependesse toda a obra, o tráfego, o sábado, o público, e a própria letra da música, que fica incompleta (em sua estrutura com estrofe incompleta e indeterminação dos versos).
"Construção" é, ao mesmo tempo, uma construção e uma desconstrução, e talvez assim entre no conceito de "indecibilidade" de Derrida.
O texto adquire significado a partir da fluidez da língua (Derrida), e também a partir da sua própria estrutura.
Peter Szondi fala sobre a mudança da forma do drama a partir da mudança do conteúdo (ao longo da história). Mesmo sincronicamente, em outros textos que não dramáticos, a forma (a estrutura) condiciona o significado. Mas o inverso também é possível: o conteúdo pode condicionar a forma (na produção do texto).
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referências:
DERRIDA, Jacques. Gramatologia. São Paulo: Perspectiva, 1973.
DERRIDA, Jacques. A voz e o fenômeno. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
SZONDI, Peter. Teoria do drama moderno. São Paulo: Cosac & Naify, 2001.
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música (link para baixar no 4shared):
"Construção" (Chico Buarque)
do álbum Construção (link nas americanas).
3 comentários:
Bom blog. Já vi o bastante (a Construção do Chico, o She's Leaving Home dos The Beatles, etc) para saber que sim, embora trocar links! ;) O meu blog é Poesiaparaninguem.blogspot.com e o meu blog pessoal é goncaloveiga.blogspot.com .
Parabéns e continua.
Parabens peloO seu comentarioO
tava fazendoO um trabalhoO e ajudoO bastante...!!
=]
adorei...
continue asim...=]
Acho ótimo o site e os comentários. Inteligentes e pertinentes.
um abraço
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