"Montage" - III




Já falei aqui sobre dois tipos de "montage" (montage I - montage II). Ambos resumem um período de tempo para que a narrativa avance, mas com a diferença de que enquanto um resume dias, semanas ou meses, outro resume apenas minutos ou horas.
Há um tipo de "montage" que difere desses radicalmente, em termos de tempo. Em vez de usar o presente diegético para avançar a narrativa, esse terceiro tipo de "montage" usa o passado para causar certo efeito no espectador, dependendo do gênero do filme.
Embora as características sejam as mesmas (pedaços de cenas em cortes moderadamente rápidos, ausência quase total de sons diegéticos, música tocada por inteiro - ou quase por inteiro, com fade), esse tipo de "montage", que resume o passado, tem objetivo completamente diferente.
Nesse caso, o objetivo vai depender do gênero do filme. Esse tipo ocorre mais comumente no drama, em que momentos do passado são revividos na tela para emocionar o espectador.
Um bom exemplo disso é a "montage" em Basquiat, quando ele recebe a notícia da morte de Andy Warhol.



Pensando sobre esse tipo de montagem que retoma o passado para emocionar, podemos pensar em outro tipo, que tem também o objetivo de causar uma emoção no espectador, mas não retoma o passado, e sim avança a narrativa. Seria uma combinação das duas coisas: ao mesmo tempo em que avança a narrativa, a "montage" serve para emocionar o espectador. Esse tipo de "montage" é, ao contrário dos outros, bastante interessante, pois une duas coisas em uma só, dois objetivos em um só recurso, e pode ser visto em grandes filmes, como em A noite americana.





Pensando sobre esse último tipo, um tipo misto, podemos imaginar que ainda há solução para recursos fracos, que é possível transformar certos clichês técnicos em novidade cinematográfica, e tornar a obra melhor artisticamente.

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filmes (links no adorocinema e no imdb):
Basquiat, traços de uma vida (Basquiat) - dir: Julian Schnabel
A noite americana (La nuit américaine) - dir: François Truffaut

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